quarta-feira, 31 de agosto de 2016

Adeus Agosto

Adeus Agosto

Adeus Agosto e até breve,
Vá embora e não me leve.
Deixe aqui o vento soprar
E os meus sonhos encontrar.

Tchau Agosto!
A gosto de quê? Tudo isso?
Mal indisposto...
Fiz por merecer tanto rebuliço?

Inté choveu um pouquinho
E limpou o ambiente,
Mas doeu ficar sozinho
Longe de tanta gente.

Ano que vem, Agosto,
Eu juro bem disposto,
Encarar esse alvoroço.
Preparei até um esboço:

Falou Agosto!
E se o mês não acabar
Faço o oposto
E acabo de vez no bar

Adiós! Bye! Au revoir!
Arrivederci! Sayonara!

Calaça Costa, Bruno
31/08/2016

quarta-feira, 24 de agosto de 2016

A Saudade de Poema

A Saudade de Poema

Hoje me bateu uma saudade danada daquela que até fala a nossa idade.
Logo eu, que dei de tudo para provar que tudo era para sempre. Besta!
De quando em quando a gente mente que nem sente a própria maldade.
É o calor do momento que de tanta intensidade se desgasta em vaidade.
Então, fui e fiz de Poema o meu amor e ela me dizia o tema para eu me recompor.
Era sempre tarde da noite, eu e ela no açoite, esbanjando a sua sensualidade.
E era de verdade? Me pergunta em tom de falsidade. Sai pra lá e leva essa banalidade!
De tão feroz, gritei sem voz, num surrupio veloz, para os braços do meu amor.
Vem Poema e se senta do meu ladinho, fica cá um cadinho de imensidade, por favor!
Depois vamos pra riba da ribanceira que hoje a minha sensibilidade matreira tá sem dor.
Poema, minha linda que dá pena! Hoje resolvo o nosso problema que queima em ardor.
Mas vê se não teima nesse dilema de voar que nem seriema por debaixo do cobertor.
E não vai ter telefonema que me tire o emblema da minha amada Poema, minha flor!
A saudade bateu tão plena que para matar esse tema, mato Poema e o meu amor!
Poema, poe... po... Seu último rumor, a nossa história de cinema acabou de temor!
Em seu túmulo vai: Aqui jaz Poema, estrela suprema que crema o seu próprio criador!
Dali em diante adeus Poema, de beleza extrema, morre o poema e também o escritor.

Calaça Costa, Bruno
24/08/2016

sábado, 20 de agosto de 2016

Transtornos de Um Poeta de Meia Tigela

Transtornos de Um Poeta de Meia Tigela

O poeta de meia tigela
Sofria em transtornos,
Ao ver a linda donzela
Em traços e contornos.

Mal sabia quem ela era.
Afinal, santa ou soldada?
Mentia a expressão sincera
De quem estava alcoolizada.

Seria ainda uma cinderela
Que estava desencantada?
Procurando uma bagatela
Para tentar ser namorada?

E vai embora a sua paquera,
Cabisbaixa e coração morno.
Agora o poeta senta e espera
Por um dia o seu retorno...

Calaça Costa, Bruno
20/08/2016

sábado, 13 de agosto de 2016

Desnutrindo

Desnutrindo

Avisto num olhar aturdido,
Ao meio-sol aborrecido,
Amavelmente recolhido,
Um abraço não decidido.

O vinho quente na garrafa,
Na boca que se desabafa,
Naquele olhar que fotografa
A mente que estava estafa.

Estou pobre e fodido,
Com o coração partido,
Junto ao vinho vencido
Dentro dum peito dorido.

No papo sobre a tal marafa
Que homem já virou girafa
No trânsito que engarrafa,
Gruda no peito e autografa.

De tão feio tudo ficou lindo
Que os dois choram rindo
E bebem no copo o brindo,
Ao amor... Já desnutrindo.

Calaça Costa, Bruno
13/08/2016

terça-feira, 9 de agosto de 2016

Se Me Encontro

Se Me Encontro

Se me encontro em qualquer canto e sinto medo
Invento logo de pronto o meu conto e o concedo

Entre entraves leves os devaneios surgem da vida
Dentre as chaves de meus anseios urgem à saída

Nada restará da minha peça se não sou o que peço
E me apiedará esta promessa em meu ser obsesso

Quando verdadeiro o encontro, me desfaço da existência
Bradando por inteiro pelo outro, num enlaço de essência

Sou do porte do meu coração, preso e livre para pulsar
Entregue à sorte desta aflição, indefeso do meu causar  

Calaça Costa, Bruno
09/08/2016

domingo, 7 de agosto de 2016

Vivo-Morto

Vivo-Morto

O ponteiro do relógio parou
E o seu mundo letal se deteve.
Estava ali para contar histórias,
Mas nem a solidão acompanhou.

Era a tal da síndrome,
Síndrome do vivo-morto.
O cachorro que não lambe
E não ataca a mais ninguém.

O princípio da sua liberdade
Estava no ferimento de si.
Para que o novo comece,
Deve-se acabar com o que existe.

Meio-sorriso para todos,
Apenas para não ter de explicar.
O diagnóstico foi lançado,
Só que não há cura para o mal.

Alma animal, criadora de sentimentos,
Faz pouco tempo esta condição.
Não é preciso que lhe mate,
Era fruto da vida e da morte.

Só estava ali esperando um cometa,
Uma carona na imperfeição.
Porque se vivo já estava morto
A morte lhe traria à Vida.

Calaça Costa, Bruno
07/08/2016 

quarta-feira, 3 de agosto de 2016

Indecisão

Indecisão

Mesmo quando está certo
E dos sonhos eu desperto,
Meu espírito liberto...
Indecisão...

Em meu peito amedronte
Sorriso falso me confronte
Nada que me desaponte,
Além da indecisão...

Do meu corpo descoberto
A minh’alma eu conserto
E se sinto a resposta perto...
Indecisão...

Retiro todo o mal da fonte
Sem que meu dedo aponte
À fronte, imenso o horizonte,
Que me exclama: indecisão!

Calaça Costa, Bruno 
(Na insônia da sociedade)
03/08/2016

terça-feira, 2 de agosto de 2016

Novas Cores

Novas Cores

Eu era o motivo do teu sorriso lúcido,
Mas tive de pagar por isto se apagar
Dentro de um tempo que fez o último
Momento, que lembro, fugir devagar.

As canções de amor não fazem sentido
Se não ferir por dentro, nos desiludindo,
Transformando o ser, relutado à voz interior
Reinterpretando a todo instante o significado da dor.

Tamanha insignificância aperta o coração,
Não queremos sujar o templo do amor.
Mesmo que essa guerra sufoque a razão
Deixando tudo de lado friamente ao furor.

Que assim, no desespero de um esquecimento renascem as histórias
Refeitas por cinzas e flores, das quais se passam muitos amores
E alguns não se deixam passar, pois nesses duelos se buscam vitórias.
E dentre aquelas que fincam as dores, a vida cria para cada sentir:

Novas cores, novos sentidos,
Novas dores, novos amigos,
Novas flores, novos ruídos,
Novos ardores, novos perigos...

Eu permito que cada cor signifique um sentimento
E que cada sentimento possa colorir qualquer ferida,
E sempre que estiver a beira do esquecimento
Surja uma nova dádiva de cor que preencha a minha vida.

Calaça Costa, Bruno
02/08/2016