quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Grunge

Grunge 

Já não havia nada para dizer,
A roupa suja não deixava esconder.
O que eu tinha em minhas mãos
Não era só uma guitarra e sim a minha vida.

Que soava como o acorde, passava por várias casas,
Quebrava-se fácil e dificilmente era concertada.
O que tenho de importante está cravado em mim
Como um sonho que parece ser infinito.

Mas quem se importaria com o que eu queria?
Quem me diria o que eu seria?
Quem leria livros para mim todo o dia?
Quem neste mundo realmente se importaria?

Quero ser alguém, alguém que eu não sei como é.
Gostaria de me entender como ninguém ousou tentar
Para, enfim, poder dormir em paz.
E ver que tudo ao meu redor está tranquilo

Como numa manhã de inverno... 



Bruno Costa
26/06/06

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Simplório


Simplório 

Gastou seu último suspiro 
Sem separar as sílabas. 
Foram lágrimas de vidro 
Para esconder o seu amor. 

Por que se esconder? 
Se o último golpe 
Ainda nem aconteceu... 

Com os olhos voltados para barriga 
É mais complicado amar. 
Mas, e depois qual será a outra lição? 
Se isso vai depender do seu próximo passo... 

Somos tão singelos podendo ser mais.

Posso ser seu cúmplice quando o navio afundar 
E não te culparei por nada improvável... 


Bruno Calaça Costa
??/??/06

segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Uma Embarcação Distante

Uma Embarcação Distante 

Numa embarcação distante
Navega a só apenas um navio
Trazendo a si um belo desafio.
A sua borda um olhar marcante...

Em sua volta um mar inquietante
Lá dentro, com medo, seus companheiros
Amigos de infância rotineiros
Mas, em luta apenas seu comandante.

As ondas comandadas pelos ventos
O comandante comandando seus amigos.
Desafiando seus próprios pensamentos
Liderando a todos por instinto.

Segue a embarcação, perdida em um agitado coração.
Que navega sem direção e os leva a perdição.
O mar enfim irá os levar ou será alguma maldição?
O mar que os ensinou a amar vai agora lhes dar traição?

...

Aquele homem sem nome não quis acreditar
E em seu olhar todos viam a luta aumentar.
Rodava seu mastro para lá e para cá
Sem previsões de erros enxergava o mar acalmar.

A tempestade mais crua que se via enfrentar
Seu suor se espalhava por todo lugar.
Quando o mar sentiu água de sua água
Num pequeno instante o gosto amargar.

E de repente, em meio àquele ocorrente...
Águas vermelhas a brotar, sangue veio encontrar.
E comovente como era de ser e estar
Deparou-se com algo que ninguém nunca pode lhe dar.

O mar acalmou, porém notou, algo mudou!
Das pessoas que ali estavam uma ele levou...
Com quem tanto lutou, o mar, agora arrependido, ganhou.
E por aquelas pessoas, apenas chorou.

...

A pequena chuva canta uma música muda
E o mar carrega aquela alma absurda
E o leva para fazer uma curiosa pergunta
Das que não se fazem em morte alguma:

- Por que alma de um tão bravo homem
Trocou sua preciosa vida pelas de covardes cem?

A alma, então livre, responde:

- Em toda minha vida nunca tive sequer uma pessoas querida
E todas aquelas pessoas tinham, inclusive, família.
Eu nunca senti por elas apego, amizade ou amor
Fui escravo de uma história da qual ninguém se importou.

- Mas, agora que vou espero que tenham compreendido
O homem que os deixou não está arrependido
Só quis lhes dar algo verdadeiro à troca de tantos favores
E maior alegria foi rumar em ti, doce mar, único ao qual pude verdadeiramente amar...



Bruno Calaça Costa
08/05/2008
08/10/2012

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Mais ao Menos

Mais ao Menos

A vida passa em segundos
Revelando por si absurdos.
Coragem seguir nesse mundo
Sem se queixar de ninguém
Assim arriscando tudo...

Tem horas que estou perdido  
Sem razão e sem sentido.
Seguindo apenas a intuição
E o destino.

Rente uma lagoa rasa
Salteado salto de ponta
Sentindo a escuridão e o desafio
Que deixou afronta
Em seguir o caminho.

Tanto a folha que rasga em meus ouvidos,
Tanto a escuridão que queima meus olhos,
Quanto tudo que entorpece meus sentidos,
Pois a vida em si gasta o meu corpo...

Estou alheio a tudo isso
Se o sentido que digo se perde em linhas tortas.
Pois o vinho que me torna
Faz incompatível minh’alma.

Então busco a paz em palavras
Que ao menos, me deixam feliz.

Ao menos um instante...
Ao menos uma fuga...
Ao menos uma vida...
Ao menos uma razão...


Bruno Costa
26/04/09