quarta-feira, 31 de julho de 2019

Apenas Rabiscos


Apenas Rabiscos

O seu coração tão rabiscado estava novamente de pé.
Será que estava pronto para contar outra história?

Essa era uma pergunta muito confusa aquele instante,
Não havia uma resposta pronta e de imediato,
Do contrário, teria que ser sentida.

E dá sentido à vida ter outra pessoa ao lado,
Após ressignificar os rabiscos mal entendidos
Vindos de outrem que esteve apenas a passar

Permitir-se a que outra pessoa possa vir colorir,
No seu devido tempo, às dores em flores.
Não há nenhum problema em amar outra vez.

E, afinal, só se ama, quando ama a si mesmo.

Calaça Costa, Bruno
10/08/2018

terça-feira, 11 de junho de 2019

Transformar




Transformar

O mundo exige, amigo, transformação
Mesmo quando não há mais canção
É preciso experimentar a mudança
Certas vezes mesmo sem esperança

Tanto sentimento ambíguo
Que cabe dentre esse coração
Mais parece sem ter abrigo
Ou sequer (qualquer) satisfação

Essa troca de pele já tão dolorida
Repete sempre na mesma estação
Eu sei que é preciso seguir a vida
Só não lembrava desta sensação

A dor de ter que me trocar 
Por quem eu nem conhecia
E de novo ter de me tocar
Que apenas eu me merecia

Transforma a dor desse corpo
Transformador nesse espírito
A vida leve leva em um sopro
Tudo o que eu já nem sinto

Calaça Costa, Bruno
10/06/2019

quinta-feira, 9 de maio de 2019

Antes Que Eu Me Esqueça


Antes Que Eu Me Esqueça

Antes que eu me esqueça, qualquer declaração já não é mais válida.
A tormenta passou pelo vazio e sacudiu mundos inteiros sem piedade.

Antes que eu me esqueça, os olhares entrecruzados não se entendem mais.
Deixou uma sede que nenhum tipo de bebida pode saciar.

Antes que eu me esqueça, o coração partido foi para outro peito se assustar.
Ficou calada a voz aguda de quem ainda tem muito que contar.

Antes que eu me esqueça, eu vou escrever tudo para nunca mais ter que lembrar.

Calaça Costa, Bruno
??/04/2019

quinta-feira, 11 de abril de 2019

O Velho Homem Morreu

O Velho Homem Morreu

Estou de luto... O velho homem morreu
Ele se agarra, chora e esperneia
Já disse que não o quero mais aqui
Com as suas velhas agonias, repetidas histórias
Eu já lhe disse, você muito me ensinou e agradeço por tudo
Mas preciso assumir o controle, pois EU estou dentro dessa máquina orgânica sentimental e muito sentimental
Se eu for chorar por tudo o que você chorou, não serei eu
Se eu me lamentar por tudo o que lamentou, esse será você
E agora preciso me despedir da sua presença, mantendo sã em mim, a tua ausência
Velho Homem, por tudo o que já me fez passar, eu me despeço e agradeço o que veio ensinar, estou de partida, mas não para qualquer lugar, resido em mim, o meu mundo, que foi o seu lar
Estou pronto para mais uma história, estou pronto para a minha vida, estou de luto, mas vivo para me reencontrar
Adeus, velho, Velho Homem...

Calaça Costa, Bruno
28/03/2019

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2019

Piloto Espaço-Tempo


Piloto Espaço-Tempo

Aquele pequeno espaço, tão meu quanto do outro, as paredes são os meus ouvidos, os quadros são os meus olhares.  
Estamos aqui dentro de uma máquina do tempo, buscando onde você parou ou onde foi parar?
Eu me mantenho presente, observando, rebuscando, rabiscando, repetindo, entregando-me.
Você não quer voltar, o agora assusta e eu consigo compreender, os demônios também me assustam.       
A sua dor não é maior e nem menor do que a de ninguém, mas ela fere, ela machuca, ela mata. 
Quase sempre eu vejo você morrer e logo após renascer, sentada a minha frente, com o olhar na boca e as palavras no olhar.
E quando você vai embora, eu desligo a máquina temporal e volto à vida, da mesma forma que você.

Calaça Costa, Bruno
08/02/2018